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IMC

O IMC é uma ferramenta útil?

Ao longo de 150 anos, o Índice de Massa Corporal (IMC) tem sido utilizado para estimar a quantidade de gordura corporal de uma pessoa com o objetivo de averiguar se está com um peso adequado para a sua altura1,2. Embora seja uma ferramenta rápida, fácil de usar e popular, apresenta limitações que devem ser tidas em consideração na sua utilização.3

5 min. leitura
o IMC é útil

O que é o IMC?

O IMC é uma fórmula matemática simples que usa o peso em comparação com a altura. É calculado dividindo o peso (em quilogramas) pelo quadrado da altura (em m) ou IMC = Kg/m².1

Por exemplo, se pesar 70 kg e tiver 1,73 m de altura, pode calcular o seu IMC da seguinte forma:

  • Elevar a altura ao quadrado: (1,73 x 1,73) = 2,99
  • Dividir o peso (70) por este número: 70/2,99 = 23,4
  • IMC = 23,4

O resultado deste cálculo é um número que pode ser usado para categorizar as pessoas em diferentes classificações de peso, que variam entre vários níveis de obesidade, desde baixo peso, peso normal, pré-obesidade ou obesidade.1 Se quiser calcular o seu IMC, pode usar a nossa calculadora.

O que dizem os mais recentes dados sobre o IMC?

Embora o cálculo do IMC tenha sido amplamente adotado em todo o mundo durante muitos anos,2 não é uma ferramenta perfeita. Têm existido vários alertas para a mesma não ser utilizada, com base nas seguintes críticas:

  • Composição corporal: O músculo é mais pesado do que a gordura. A fórmula de cálculo do IMC não consegue diferenciar o peso de gordura do peso de músculo, o que significa que alguns indivíduos podem ser erradamente categorizados como "com pré-obesidade" ou "obesidade".1,4 Além disso, o IMC também não identifica o local do corpo onde uma pessoa ‘armazena’ a sua gordura corporal.1 Este é um fator muito importante, porque a gordura corporal armazenada em certas áreas, como a zona do estômago/abdominal, pode implicar maiores riscos para a saúde do que quando está localizada noutras zonas.4,5

  • Considerações sobre diversidade: O IMC não tem em consideração fatores como sexo, idade, etnia ou outras condições de saúde.1,4 Esta abordagem de "tamanho único" não contabiliza certas variações, como a forma diferenciada como homens e mulheres armazenam gordura ou a perda de massa muscular que ocorre com o envelhecimento.

  • Dados reportados pelos próprios: Muitas vezes, os dados utilizados para calcular o IMC são reportados pela própria pessoa, que pode dar números pouco exatos quanto às suas medidas de altura e peso, originando cálculos incorretos.4

Então, por que ainda o usamos para medir a obesidade?

Apesar das limitações, o IMC continua a ser usado porque ainda é um indicador que permite estimar a quantidade de gordura e é...

  • Simples e fácil de usar: 51% da população global estará a vive, pré-obesidade ou obesidade dentro dos próximos 12 anos.5 Enquanto ferramenta simples e fácil de usar, o IMC permite que um maior número de pessoas autoavalie a “saúde do seu peso”, independentemente do seu nível de conhecimento médico ou acesso a apoio especializado para a obesidade.2

  • Simples para os médicos: Os médicos dos cuidados de saúde primários desempenham um papel importante na gestão do peso daqueles que vivem com obesidade.1 Por vezes, há pouco tempo para realizar um exame físico completo, o IMC permite identificar de uma forma rápida as pessoas em risco de pré-obesidade e obesidade.1

  • Não invasivo: O IMC é um método discreto e não invasivo para ajudar a avaliar o peso.2,6 Embora o IMC possa ser calculado por um médico, podem preferir fazê-lo elas próprias, não querendo expor-se a terceiros.

  • Económico: Os custos de saúde estão a aumentar consideravelmente. Prevê-se que os custos relacionados com a obesidade ultrapassem os 4 mil milhões de dólares, cerca de 3.7 mil milhões de euros, por ano, até 2035.5 Ora, o IMC constitui uma forma universal e económica de avaliar e monitorizar as tendências da obesidade em grande escala. Isto revela-se particularmente importante num mundo onde as taxas de obesidade e respetivos impactos financeiros variam significativamente entre países, dependendo do nível de desenvolvimento.5 Por exemplo, nos países com baixos rendimentos, as taxas de obesidade entre os adultos devem duplicar até 2035.5 Enquanto em alguns países com rendimentos mais elevados, a velocidade a que as taxas de obesidade aumentam parece estar a desacelerar.

O IMC continua assim a ser uma ferramenta valiosa, económica, acessível e facilmente utilizada por qualquer pessoa. No entanto, nunca é demais lembrar que a obesidade é uma doença complexa e que ao caso particular de cada pessoa é único.1 A forma mais abrangente de entender e gerir a obesidade e as circunstâncias individuais é, sem dúvida, conversar com o seu médico.

Referências
  1. Rueda-Clausen CF, Poddar M, Lear SA, Poirier P, Sharma AM. Canadian Adult Obesity Clinical Practice Guidelines: Assessment of People Living with Obesity. Disponível em: Obesity Canada.
  2. Gutin I. In BMI We Trust: Reframing the Body Mass Index as a Measure of Health. Soc Theory Health. 2018;16(3):256-271. doi:10.1057/s41285-017-0055-0.
  3. Khanna D, Peltzer C, Kahar P, Parmar MS. Body Mass Index (BMI): A Screening Tool Analysis. Cureus. 2022;14(2). Publicado em 2022 Fev 11. doi:10.7759/cureus.22119.
  4. Gurunathan U, Myles PS. "Limitations of body mass index as an obesity measure of perioperative risk." British journal of anaesthesia vol. 1163 (2016): 319-21. doi:10.1093/bja/aev541.
  5. World Obesity Atlas 2023 from WOF. Disponível em: World Obesity. Acesso em agosto de 2023.
  6. Body Mass Index: Considerations for Practitioners. CDC. Disponível em: CDC. Acesso em 19 de setembro de 2023.

PT24OB00112

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